terça-feira, 27 de outubro de 2009


A depressão é obscura. E dentro dela há estágios que parecem mais moinhos, moldados apenas para triturar a alma. Ela te joga bruscamente em buracos ínfidos.. que declinam n'uma progressão assustadora.


- Eu tenho nojo de mim pelo meu corpo. Por minha gordura. Eu tenho nojo do meu corpo e as vezes vontade de perdê-lo; não que a minha alma valha pouco, mas o meu corpo é o refúgio da ignorância... e para mim a ignorância é uma arte.
- Sinceramente, não te acho fútil... é impossível não te achar linda. não apenas o físico - eu te acho muito bonita, nao to te dizendo pra agradar - mas tu tens... não sei. mas, é encantador. e, se teu corpo não te agrada, mude- o. Olha, eu sou mega sedentária, mas por ti eu iria caminhar todas as tardes ao por-do-sol.
- És muito gentil, mas creio que não entendes. As vezes tenho vontade de tirar minha própria alma.
- Por favor, nao seja tão egoista. você me preocupa, moça. Não ve a arte que você é? você faz parte da minha arte, e de muitas outras pessoas...
- Não faço parte da sua arte.
- Faz.
- Então você me ama.
- Não sei...
- Então eu não sou arte.
- E se eu te amo?
- Aí eu me torno arte ínfida. Que nem carnaval dentro da alma, folia que não passa.
- Eu queria te mostrar um pouco do meu mundo. não que ele seja extraordinário como o de Alice, mas... seria o mais justo a ser feito.
- Como você me mostraria o seu mundo?
- Isso eu guardo comigo.
- Meu amor...
- Quer um pedaço de torta?
- Não, você sabe muito bem que eu tenho anorexia.
- Então vem cá e me dá um beijo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário