segunda-feira, 14 de março de 2011

Diálogo de dois apaixonados

Ela disse jogando o pano quente contra o peito de Guilherme:
- Vá tomar no cu
- Vá você
- Bem no meio
- Do seu olho
E Larissa dá uma risada esquizofrênica, apaixonada, o jogou no sofá:
- Eu te amo.
- Eu também te amo, mas vamos ver agora quem é que vai tomar no cu.

Amo (r)- te


Dorme, dorme meu coração
já velho e contrariado
na pele alva dessa mulher.
Na desgraça de sua bebida
No crime de seu corpo
Na injúria de seu ardor
Na crueldade de suas palavras
Na conformidade de sua mentiras.

Na bestialidade de sua face
Face quase ingênua
livre de grandes acontecimentos
Face de mil mares
Mentiras da tua emoção.

Emoção ainda que porca,
emoção-decomposta,
emoção-matadouro,
emoção-morte.
Emoção de ter-me assim
tu que és mulher
que és culpada
que és silêncio e dor.
Que me transformaste, pois eu era a sombra do entardecer.

Clara manhã, tu és cruel
Manhã de mar, tu me derrubas
Manhã de sol, tu me incendeias
Manhã de chuva, tu me rejeitas.

Clara manhã, tu és amar.
Tu és Amor.
Tu me cobras e eu te dou, durante duas horas ou mais, todo o meu ardor.

Se eu não me conheço


Se eu não me conheço
Sou só miragem de mim
e meu rosto é mera lembrança
Como uma notícia velha de um navio que afundou no mar.

Se eu não me vejo
pego minhas malas e e viajo
Para que dentro de alguma galáxia meu ser se pinte e se funda à mil estrelas- de chumbo e de luz
E eu me (re)faça
Crie alma
e natureza.

Se eu não me distingo,
a face pesada de grandes histórias de heróis nunca me abalarão.
Pois são apenas mentiras de marinheiros, que amam o mar, por jamais terem contemplado o céu

Se eu não me conheço...
Ah é porque me esqueço...
da brutalidade da vida contada nos livros
para antes vivê-la fora de toda a razão.

E se me desconheço
É porque em mim há
a vontade de viver com paixão.