terça-feira, 24 de novembro de 2009


Pela primeira vez na vida, ela foi livre.

Tudo se tornou infinito no badalar do relógio , quando os olhos teimaram em ficar atentos a tudo, menos ao céu e à intensidade... que iam definhando, acabando com a vontade de estar eternamente descançado na relva já seca.
Quando o simples canto de um pássaro veio avisar para um pai cansado que outro dia chegou.
Quando a luz veio abrir os olhos de uma meretriz e provou que há sempre outro dia de nudez.
Quando as borboletas vieram sussurrar nos ouvidos dos pródigos de José que a hora de ir à escola já se aproximava.
Quando o trilho da porta de uma padaria correu livre e veio confirmar que havia comida naquela manhã - ou não.
Quando uma criança veio chorando - pois teve um sonho ruim - acordar sua mãe que dormia o sono dos justos.
Quando um enfermo interrompeu o sexo de uma médica suplicando por socorro.
Aí veio o outro dia, e ela deixou de ser livre.

Pílula


Isso é, definitivamente, a pílula mais difícil de engolir. De todas as dores e drogas que tomei, me depedir de você é a mais amarga e insolúvel de todas. Eu adio esse momento há anos, te salvando, te amando, te protegendo e te cegando da dor da partida.

Mas tem coisas que não cabem a mim decidir, e horários que não cabem a mim definir. Eu sou gente, e mais do que isso, eu sou alguém que te ama. Pra mim, parece nunca haver tempo de dizer adeus. Porque não existe adeus, não existe fim.

Eu rasguei com a minha unha aquele papel laminado em que a pílula está. Agora ela está na palma da minha mão. Eu a olho de longe, com medo do que meu próximo ato vai me causar. O copo d'água está na mesa, me esperando também. Eu o olho. Argh, nojo.

Agora vai. Ponho a pílula branca na boca, e dou um gole da água. Meus músculos se contraem, como se qualquer movimento meu pudesse fazer a pílula descer de modo mais doloroso. É uma reação involuntária (ou será voluntária?) do meu corpo pra não engolir, pra deixar a pílula ali na boca, mesmo que incômoda, mas que assim nunca precisaria ser digerida ou coisa do tipo.

Porque a sua partida é isso. Algo incômodo que está na minha boca esperando pra ser digerido, enquanto eu luto pra não ter que engolir. E quer saber? Passaram-se dias, semanas, e eu não engoli. A pílula está aqui, a ideia, a saudade e tudo o que vivemos também. Não quero ver a realidade. Ou melhor, não quero ter que digerir a saudade.



Por Mariana Filizola

sexta-feira, 6 de novembro de 2009


O pó e o seu vestido azul.
É tudo que eu ainda tenho de você.

A tristeza e o bom dia não dado.
É tudo que eu quero esquecer.

Você se foi.
E eu preciso viver.
Essa necessidade boba de querer levantar.

Mas eu estarei aqui para sempre
Eternizando o que não pôde ser.

A tristeza e seu vestido azul.
O pó e o bom dia não dado.
Eternamente dentro de mim.

ps: A tristeza substituiu o Azul. (cor dos teus olhos)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A Bossa Nova e o Rock n'Roll.


Todas as minhas palavras,
os meus sorrisos,
os meus transtornos
serão a tua lembrança eternizada.

Todo o teu amor,
as tuas piadas,
os teus olhares
serão a minha paz serenizada.

Olha a minha alma, amor,
isto é bossa nova.
Olha a tua cara, amor, isto é rock n'roll.

Porém, eu sou de ti
Tu és de mim
E nós existimos no íntimo do nosso imenso amor.