quinta-feira, 3 de setembro de 2009

lembranças no papel.


- Amor, vem cá! Olha o que eu achei aqui nesta caixa

" Oi.. (é assim mesmo que começa um bilhete de amor?)
Vou logo falar o que eu quero que você saiba - porque tô na aula de matemática e a Professora Sandrosvânia tá me olhando meio feio.:
Sou louca por você. e sei que nenhuma menina deveria dizer isso assim, do nada... mas eu preciso ser sincera (e além do mais... é melhor eu falar logo mesmo, para aliviar o friozinho que dá na barriga).
Eu ja gostei de algumas pessoas na minha vida, mas agora parece ser tão mais importante, devo ter crescido um pouco com as minhas experiências.

beijos da Regininha. "

- Lembra, amor? Foi assim que começamos a namorar. e eu tinha só 13 anos.

- lembro sim... Mas cuidado com seu nariz. Aí tem muito poeira.




- Amor, vem cá! Olha o que eu achei nesta outra caixa:


" Eu estou ficando louca de tanto te querer, apaixonada e tenho tanto amor junto que chega a misturar. Cada dia, Luiz, essa necessidade cresce mais e mais, e quero estar ao seu lado o tempo todo.
E mesmo que eu esteja aqui, do outro lado do mundo - neste intercâmbio que parece que não vai acabar- eu faço questão de sustentar o que eu quero sentir por você, pois sei que você merece. É engraçado... mas quando eu to perto de você, eu quero estar perto de você. e quando eu não to, eu também quero estar; eu nunca me canso de querer pra mim essa enorme oportunidade de te amar.
Sabe, Amor, o que me faz sentir mais saudades, são as coisas que mais me encantam em ti. Como por exemplo, o modo que você gargalha o tempo todo (e agora, infelizmente, estou longe demais para ouvir), quando suas sobrancelhas se apertam, ou quando você está triste e dá pra ver nos seus olhos ou no modo que a tua mão se move a sua infelicidade, o modo como você me olha, e como você fica vermelho quando eu faço alguma piada.... o seu jeito -sempre muito carinhoso- de me tratar, do seu charme indisvendável, ou quando você está bravo e faz uns olhares - doloriiiidos de tão lindos-, o modo como você balança as pernas quando vamos falar sobre o Comunismo - porque isso te excita mais do que várias coisas nesse mundo-, o fato de você não comer carne de porco, nem de boi nem de frango e achar um absurdo comer batata pra suprir a necessidade do seu corpo, amo seu jeito atípico de ser... que foge de todos os padrões que o mundo conhece e se encontra levemente inserido em um único perfil de ser realmente quem você é.... o que eu mais gosto (e do que tenho mais saudade) é quando você fica envergonhado e disfarça sua falta de jeito com um sorriso, e depois fica olhando pra baixo, como se fosse encontrar no duro do concreto um pouco de jogo de cintura.
E tudo isso que tanto me encanta é o que te faz tão único e amado, meu belo ser.
Eu sinto saudades, amor, e me espere.
Volto logo,

Da sua amada Regina"


- Lembra, amor? Foi com essa carta ficamos noivos. e eu ja tinha 17 anos.

- Lembro...


- Amor... presta atenção por um pouco. Eu achei outra coisa. Essa folhinha meio amassada aqui, ó. Mas essa você que vai ler...

- Mas eu estou muito ocupado, Regina, Ora...
- Por favor, Luiz.
- Ta, Regina. Ta bom.

" Luiz. Minha Luz. Hoje, você me faz a mais feliz de todas as mulheres desse planeta (apesar de não conhecer todas, é claro) mas tenho certeza que ninguém conseguiria aguentar dentro de si a explosão que teu amor me causa.
Luiz, Minha Luz. esse sentimento que você plantou dentro de mim, criou caule, tronco, galhos e plantinhas, e hoje ele está dando seu primeiro fruto.

Luiz, meu amorzinho.. o seu filhinho está a caminho"

- Regina... nossa... Eu lembro como fiquei nesse dia.
- Eu também. e que saudades! E nessa época eu ja tinha...
- 19 Anos.
- Isso, Luiz, 19 anos. Mas você nem leu tudo. Olha aí a resposta que você me deu quando eu te entreguei esse papel.
- Aonde?
- Vira a folha...

" Regina. Minha Rainha. Hoje, me fazes o rei mais feliz de todos os reis. A notícia é meio tensa, mas o meu reino está preparando a maior festa que o mundo ja viu pra chegada do meu pequeno príncipe."

- Ah, Regina!
- Me dá saudades, sabe, Luiz?
- Do que minha rainha?
- Dos anos que passaram... dessas lembranças no papel.
- Eu te amo.
- Eu sempre vou te amar.
- Já foi tanto tempo vivido, né?
- Foi sim.
- Regina, me passa um papel.
- Aqui.
- Obrigada, rainha.


- Mas o que você vai escrever???????

- Nada.

- POR QUE?

- Porque não sou EU quem vai escrever.

- É QUEM ENTÃO, LUIZ?


- NÓS
...

a sós.

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