quinta-feira, 17 de junho de 2010

Boa Noite, Bactéria


Tu és como uma bactéria
Que se adaptou ao meu organismo
Que invadiu meu peito e se calou por lá


Eu ainda não te conheço por inteiro
Mas venho pela parte da noite para entender o que tu és
Se és matéria
Se és real
Porque até aonde eu conheço a tua alma
És apenas uma parte fantasiosa do que eu nunca acreditei,
mas do que eu sempre aceito por não conseguir viver só.


Porque a educação que tanto falas que possui em si não tem sentido
Já que entraste em mim com um súbito Desespero
Daqueles que passam colecionando todas as alegrias humanas
e depois despejam dentro da minha agonia
Alguma coisa sobre a vida.


O teu nascimento também não se justifica
Porque nasceste na rua debaixo
Perto de mim
E deverias ter permanescido aqui
Não obstante, partiste.


Mas a verdade é que diferente de ti, eu não amo teus pés
Inclusive os cortaria
Para que tu nunca pudesses sair da minha carne
Que vivesses gentil e pacífico dentro de mim
E se precisasses morrer, que te deteriorasse aqui
Perto do meu corpo
Das minhas veias e da minha derrota

No Sábado passado
quando tu me mandaste aquela fotografia ridícula
- E só era exatamente ridícula porque em suma era de mim que ela emoldurava a dor.
Aconteceu de meus olhos se esforçarem para não te repreender
Porque ali tu me jogaste a verdade do mar
E fizeste com que eu conhecesse a mim
Que caminhei pela vida tomando caminhos opostos ao que deveria
Para ir de encontro a ti


Mas agora
Que és bactéria e cansaste de sê-lo
Não paras para me ouvir um segundo
E me fazes recomeçar tudo que tem dentro de mim
Como se eu fosse uma máquina que te desse vida
Que te desse voz
Que te mostrasse que não és só.

Um dia as coisas se encaixam ou se separam de vez
Só que tu ao me deixar
Levou todo meu corpo contigo

E agora Londres não é tão mais bonita
Nem me lembra a tua pessoa
Pois as bicicletas agora rodam sozinhas
E os dois intimos amigos já caíram da prateleira
Não há mais pessoas na rua
A Cidade perdeu a luz

Eu já não tenho guia
Só tenho minhas lágrimas
que trouxeste gota por gota do mar que nos separa

E hoje é tristeza
Porque eu não sei o que acontece
Nessas passagens da vida
Que me fazem perder a morada

Porque diante da vida eu me curvo
E me nego para o mundo
Mesmo sabendo que o preço disso é não respirar.

Porque a minha existência depende da tua
E eu que nunca tive cura
Comecei a tentar amar.

Boa Noite, Bactéria.

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