quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

- esse livro está me deixando doente ou quero ficar doente por achar que ele tem todo esse poder mas de fato, me vejo como a pobre flor. uma rosa que se achava a única, até que o principezinho descobriu haver 5 mil delas em um só jardim.
- me dá esse livro, pára de ler.
- só a amou, porque de fato, a rosa era a mais bopnita entre elas. mas não sei se a cativou pelo que era. (visto que foi pelo que tinha) não! é tão bom! e me recorda a infância. me recorda meu pai. ele lia pra mim e sempre parava na parte do preguiçoso para perguntar se eu estava com sono.
- 250 aluguel, agua e luz a agua é poço, a luz é gato... Desculpa.. tava pensando alto, continue...
- dai eu dizia" não, papai. leia pra mim" e ele lia o pequeno príncipe todo, com tanta calma e paciencia.
- Ahn?AAH tá! e você fica doente por causa de que?
- aí quando terminava, contava a história da branca de neve, que eu gostava muito, e dizia que era pra eu dormir. ah! que saudades.... se eu pudesse parar de chorar para não sentir dor, pararia. E se você quer saber, doente de saudades, nostalgia machuca. Meu pai parou de me contar o pequeno principe quando eu tinha 8 anos. e vinha minha mãe e tentava me contar histórias também, mas as dela eram sempre mais duras. ela lia Alice no País das maravilhas, mas como é comprido, lia capítulos por dias. e acho que nunca se tocou que eu sentia falta era do meu pai e da forma dele de falar. EU ESTOU ENCHENDO SEU SACO COM ESSA HISTÓRIA?perdão.
- ah nao é uma coisa com a qual eu concorde; nem nada igual ao que eu vivi; mas é sobre vc né!?
- é, é sobre minha frustração. eu estou enchendo seu caso com essa história?
- se é sobre você, é mais do que valido, pode contar mais...
- bem, eu passei anos me apaixonando pela história da Alice. mas demorei muito pra entender a sujeira e a sexualidade por detrás mas bem, isso não vem ao caso... eu sei que todas as vezes que ouvia a história, me imaginava como ela, trancada no país das maravilhas que foi criado por ela. seu próprio sonho, com mensagens subliminares e tudo mais. Ah! lembrei: minha mãe contava um conto aí ..que não lembro o nome acho que é sobre um principe e uma andorinha. eu achava muito bonito também, mas não entendia o porquÊ da minha mãe me entristecer toda noite com aquela história. até que eu fui ficando maior e não ouvia mais histórias repetidas. fui começando a ganhar livros ( um dos primeiros foi os do Monteiro Lobato) eu gostava muito. era legal, passava o dia todo fantasiando que eu era uma árvore(uma jabuticabeira) e que as pessoas gostavam de mim(eu sendo arvore) e que eu tinha toda uma historia ligada ao sítio. e quando foi o casamento da Emília, eu ficava me imaginando pendurada no vestido dela, tecendo-o. eu vivi muito tempo esse mundo. e agora, esse livro. OH! MEU DEUS essa droga me fez sentir saudades. AH! Eu vou chorar.
- Mentira. Vai chorar?
- Vou. Sei que talvez não tenha mais idade para ouvir histórias na cama... mas eu poderia ouví-las quando sentisse necessidade, sabe? quando sentisse apertada pela falta que meu pai faz. eu nem mais o tenho.
- Olha pra mim, deixa eu te ler. Não chora. A gente tem que guardar sua lagrimas num pote.
- Por que?
- N'um vidro..
- Lágrimas de anjo... É raro.
- Quase me fez sorrir.
- Pode lembrar mas não pode chorar; A gente pode fazer um contrato: você esta proibida de chorar.
- Impossível.
- É sério. Nada vale suas lágrimas.
- Você me salva. SEMPRE!
- É apenas pela espiritualidade coerente de dizer-te a verdade. O amor é a lei.
- Eu te amo, tanto. Obrigada.
- Eu também te amo. Me dá esse livro pra cá..
- Dou-te a mim como prova do meu amor para que me leias.
- É mais que prova. é fenômeno de intensidade. Quero ler-te toda, tatear-te até o infinito.
- Infinito de nós dois.

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