terça-feira, 24 de novembro de 2009


Pela primeira vez na vida, ela foi livre.

Tudo se tornou infinito no badalar do relógio , quando os olhos teimaram em ficar atentos a tudo, menos ao céu e à intensidade... que iam definhando, acabando com a vontade de estar eternamente descançado na relva já seca.
Quando o simples canto de um pássaro veio avisar para um pai cansado que outro dia chegou.
Quando a luz veio abrir os olhos de uma meretriz e provou que há sempre outro dia de nudez.
Quando as borboletas vieram sussurrar nos ouvidos dos pródigos de José que a hora de ir à escola já se aproximava.
Quando o trilho da porta de uma padaria correu livre e veio confirmar que havia comida naquela manhã - ou não.
Quando uma criança veio chorando - pois teve um sonho ruim - acordar sua mãe que dormia o sono dos justos.
Quando um enfermo interrompeu o sexo de uma médica suplicando por socorro.
Aí veio o outro dia, e ela deixou de ser livre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário